O custo dos produtos agropecuários é severamente impactado pelas perdas e desperdícios que regularmente ocorrem desde a sua produção até o seu consumo.
A Food and Agriculture Organization (FAO) da ONU estima que no mínimo 15% do alimento disponível na América Latina e Caribe é perdido ou desperdiçado.
Desse total, 27% são perdidos na fase de produção rural, 22% na manipulação e armazenagem, 17% na comercialização e distribuição, 6% no processamento industrial e os restantes 28% pelo consumidor final, conforme ilustra o gráfico a seguir.
Embora a perda no consumo final (28%) ocorra após a última transação comercial, ela também tem seu impacto, pois tanto o comprador institucional como o consumidor final a considera ao tomar sua decisão de compra.
Uma parte significativa dessas perdas decorre do fato dos alimentos poderem apresentar inconformidades ou inadequações prejudiciais à saúde humana, animal e vegetal e à qualidade do meio ambiente. São deformidades, infestações, contaminações, patologias, deteriorações, elementos estranhos ou poluentes e aditivos alimentares nocivos à saúde que são controlados por rígidos padrões físicos, químicos, biológicos, visuais e ambientais.
Tais ameaças exigem a execução de procedimentos de controle de qualidade em diferentes estágios e por distintos agentes, entre os quais:
– o próprio produtor rural assistido por veterinários, agrônomos, zootecnistas e técnicos agropecuários consubstanciando o que é chamado de Boas Práticas Agropecuárias (BPA’s);
– as empresas de transformação através de seus sistemas de Gestão da Qualidade Total (GQT), Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO), Avaliação de Riscos Microbiológicos (MRA), Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e Rastreabilidade do Produto;
– as agencias certificadoras da segurança e qualidade dos alimentos que atestam a aderência à diferentes normas e padrões de qualidade entre as quais as da International Organization for Standardization (ISO), da Global Food Safety Initiative (FSSC), do British Retail Consortium (BRC), da Safe Quality Food (SQF), do International Featured Standard (IFS), da religião islâmica (Halal) e da religião judaica (Kosher).
– os órgãos governamentais pertinentes, dentre eles o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Serviço de Inspeção Animal do Ministério da Agricultura (SIF-MA), as Divisões de Inspeção de Alimentos de Origem Animal (Dipoa’s), os Serviços de Inspeção Municipal de Produtos de Origem Animal (SIM’s), os Postos de Fiscalização Sanitária e Fitossanitária (PFSF’s), os serviços aduaneiros de vigilância agropecuária (Unidades Vigiagro), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e os órgão estaduais e municipais de controle do meio ambiente;
– os clientes, especialmente compradores nacionais de grande porte e importadores, através de inspeções “in loco”, análises de laboratório e verificações de conformidade em geral.
Esses procedimentos adicionam custos a todas as partes envolvidas, sejam elas produtores, processadores, intermediários ou consumidores finais, e acabam se refletindo nos preços praticados.